Temperaturas eram esperadas apenas para 2050, segundo previsão do Instituto Britânico de Meteorologia

Os extremos do clima, cada vez mais comuns, matam um milhão de pessoas por ano. Esta semana, na Europa, a onda de calor fez vítimas e provocou grandes prejuízos.
Incêndios destruíram casas e plantações. Passageiros se sentiram mal dentro de trens parados, porque as linhas férreas não suportaram a temperatura excessiva. E a última terça-feira (19) foi o dia com mais atendimentos do Corpo de Bombeiros de Londres, desde a Segunda Guerra Mundial.
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Policial dá água a um soldado britânico em serviço de guarda do lado de fora do Palácio de Buckingham, durante onda de calor em Londres, nesta segunda-feira (18) — Foto: Matt Dunham/AP
Dois anos atrás, o Instituto Britânico de Meteorologia, um dos mais respeitados do mundo, que coleta dados sobre o clima há quase 170 anos, fez essa previsão do tempo hipotética para 2050.
Estava lá, o mapa todo avermelhado e temperaturas altíssimas para os padrões britânicos: na casa dos 40. Coisa para daqui a quase 30 anos… que virou realidade essa semana.
A Rosie Oakes é cientista climática do centro de meteorologia britânico. Ela diz que a equipe não ficou surpresa com o calor dessa semana, e que os termômetros lá em cima só vão ficar mais frequentes.
“A previsão era de temperaturas de 40 graus em um a cada cem anos. No fim do século, a frequência vai ser de uma vez a cada três anos’, diz.
Para alguns privilegiados, os últimos dias no Reino Unido foram de praias cheias, parques lotados e insolação. Britânicos compartilharam nas redes sociais o bronzeado do primeiro dia de 40 graus da história do país.
O aeroporto de Luton, em Londres, também ficou marcado. A pista literalmente derreteu. Voos foram suspensos.
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Equipe faz reparo em pista de pouso de aeroporto em Londres após relatos de ‘derretimento’ do asfalto — Foto: BBC via Reuters
No caso da rede ferroviária, importantíssima para o país, os trilhos de aço ficaram 20 graus mais quentes que o ar. E correram o risco de deformação. Essa preocupação também vale para os canos que bombeiam a água, para as linhas de energia…
Um ministro britânico falou que a adaptação, seguindo o modelo de outros países da Europa, pode levar décadas.
A professora de engenharia ambiental britânica, Clare Heaviside, diz que, depois do calor recorde dessa semana, é necessária uma mudança de mentalidade para arborizar as cidades.