Mike Tipton, professor da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, que estuda o impacto da imersão em água gelada no corpo há mais de 30 anos, diz que as evidências sugerem que a “agitação” e a “euforia” que muitas pessoas sentem são desencadeadas, pelo menos em parte, pela liberação repentina de hormônios do estresse à medida que seus corpos reagem ao frio.
Quando nossos corpos são submetidos a uma queda repentina de temperatura — particularmente 15 graus ou menos —, pode provocar uma resposta ao estresse. E isso desencadeia um grande número de mudanças bioquímicas e físicas, quase imediatamente.
‘Choque térmico’
Mudanças prejudiciais na respiração e na circulação podem acontecer naqueles primeiros minutos cruciais após entrar na água gelada.
Tipton diz que o tão falado “choque térmico” é responsável por muitas mortes na água gelada todos os anos no Reino Unido.
Um dos momentos mais potencialmente perigosos é aquele suspiro involuntário em busca de ar, que muitas vezes acontece assim que nossos corpos são submersos na água gelada.
Se isso acontecer debaixo d’água, até mesmo os nadadores mais experientes podem inalar água automaticamente. E não é preciso muita água nos pulmões para se afogar.
Uma vez que as pessoas superam este suspiro inicial e involuntário, a próxima coisa que podem notar é o aumento da frequência cardíaca.
Os vasos sanguíneos que chegam às extremidades externas do nosso corpo, como mãos e pés, tendem a se estreitar em resposta ao frio — para tentar reduzir a perda de calor pela superfície da pele.
Isso significa que nossa pressão arterial também pode subir.
Tipton afirma que isso pode ser particularmente problemático para algumas pessoas, como aquelas com problemas cardíacos até então desconhecidos.
Às vezes, o coração pode entrar em arritmia ou até parar.
CRÉDITO, DINAH SERSHI Legenda da foto, Estar visível para outros usuários do rio pode ser muito importante para sua segurança
Como você pode nadar em segurança?
Uma coisa a lembrar, de acordo com Tipton, é que os efeitos iniciais da água gelada tendem a passar rapidamente — dentro de um a dois minutos.
Então, é importante maximizar suas chances de passar por esses primeiros minutos.
A pesquisa dele mostra que conhecimento e preparação são essenciais — já que aqueles que antecipam o ‘choque térmico’ são mais capazes de controlar sua respiração em resposta.
A equipe dele observou que quanto mais as pessoas se acostumam a mergulhar seus corpos na água gelada, mais fraca qualquer resposta ao choque tende a se tornar.
“Mas isso não elimina completamente os riscos”, adverte.
“Pode ser perigoso — e é importante lidar com isso da mesma maneira que você lidaria com outras coisas que podem ser potencialmente perigosas.”
“Vale a pena fazer um exame de saúde, tratar isso com cautela e ir com um grupo reconhecido”, diz ele.
Além disso, ele recomenda entrar na água aos poucos e não sair da área onde dá pé.
Se você está planejando dar um mergulho em águas abertas, os especialistas aconselham:
– Verificar a previsão do tempo — e considerar começar quando estiver mais quente;
– Ir acompanhado de outras pessoas que tenham experiência em nadar em água gelada;
– Certificar-se de estabelecer uma maneira de pedir ajuda se precisar;
– Entrar na água aos poucos;
– Usar uma roupa de mergulho;
– Boiar nos primeiros minutos — esperar o choque térmico passar e você recuperar o controle da respiração;
– Considerar nadar perto da costa, pelo menos inicialmente, e planejar onde você vai sair da água;
– Seu corpo pode continuar a esfriar uma vez fora da água, então considere sair antes de sentir muito desconforto;
– Tenha uma toalha, roupas secas e uma bebida quente à disposição para ajudá-lo a se aquecer.
Como a RNLI afirma em seu site: “Nossos mares e rios são frios o suficiente para deixá-lo indefeso em um segundo. Trate a água com respeito, nem todos podem ser salvos”.