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Fibra têxtil feita de alga marinha, comum nas praias do Seixas e de Tambaba

Fibra têxtil feita de alga marinha, comum nas praias do Seixas e de Tambaba

Paraibana Thamires Pontes desenvolveu material da alga vermelha, comum nas praias do Seixas e de Tambaba

A estilista e pesquisadora pessoense Thamires Pontes desenvolveu uma nova fibra têxtil biodegradável feita a partir de um polímero, o ágar-ágar, extraído de algas vermelhas do tipo Rhodophyta, bastante comum no Litoral paraibano nas praias de Tambaba e Seixas. “Minha intenção é lançar esse tecido na indústria da moda até o final do ano. A pesquisa já está com o protótipo pronto e estamos fazendo testes para que seja produzida em escala industrial antes de colocar no mercado. Para que isso se concretize, estamos buscando investimentos no valor de R$ 200 mil para desenvolver a prova de conceito”, destacou.

Segundo ela, as algas vermelhas do tipo são muito encontradas na Paraíba, no Maranhão e no Ceará. “Mas quando trabalhamos com quantidade industrial, a gente não tem que depender só do que vem do mar. Precisamos do cultivo da matéria-prima, que é muito importante para o planeta, e o cultivo pode ser feito junto a criadores de camarão”, revelou ela, explicando que tem dois biólogos trabalhando no cultivo das algas vermelhas na Paraíba.

Thamires desde que se formou em designer de moda, já trabalhou em duas importadoras de tecido, sendo uma no Rio e outra em São Paulo, onde mora há sete anos. Foram empresas que lhe abriram portas e perspectivas. “A partir daí pensei: ‘Por que não ter meu próprio tecido? Então iniciei minha luta”. Atualmente ela trabalha em sua própria empresa, a Brasílian Fashion Lab – Laboratório de Moda Brasileira, onde está se dedicando totalmente à pesquisa para lançar o tecido extraído da alga vermelha.

Muito usado na culinária asiática, principalmente no espaguete framboesa e na indústria farmacêutica, o ágar-ágar é uma inovação na parte têxtil. “Já foi usado no acabamento do tecido, mas não no tecido propriamente dito”, explicou.

A estilista disse que precisa dos recursos para desenvolver a pesquisa e que algumas de suas amostras tiveram durabilidade, mas ela ainda não sabe se o tecido vai durar um ano ou mais. Daí a necessidade de mais análise. “Acredito que essa pesquisa tende a crescer, pelo bem do nosso planeta”.

“Novas pesquisas serão feitas para obter dados mais conclusivos como, por exemplo, a durabilidade da fibra.”

Material tem bons resultados em resistência e tingimento

As fibras de ágar-ágar são de fácil fabricação, não usam grandes quantidades de recursos naturais, são compostáveis, não-tóxicas, possuem baixo custo e características especiais, como a biocompatibilidade (compatibilidade com tecidos ou órgãos vivos, por não haver toxicidade, nocividade nem provocar rejeição imunológica). A fibra possui aspecto de fio de nylon, com bons resultados em resistência e tingimento. O tecido pronto se assemelha à seda e à viscose.

Thamires Pontes atua na indústria têxtil há quase 10 anos e, por vivenciar o “outro lado” da moda, despertou a vontade de produzir seu próprio tecido. “Para minha surpresa, conheci o ágar-ágar pela gastronomia molecular, e durante a minha pesquisa descobri que vai muito além dos alimentos e cosméticos”, lembra.

Ela enfatizou que quer colocar no mercado da moda um produto 100% brasileiro, mostrar para o consumidor uma forma consciente de consumir, propagar o conceito slow fashion (quando se procura informar a origem real dos produtos: em vez de omitir a origem da produção com nomes genéricos) e aplicar a verdadeira circularidade na cadeia têxtil completa.

A utilização das fibras de ágar-ágar foi uma das 12 ideias brasileiras finalistas entre 1.409 projetos enviados por empreendedores criativos de 100 países, sendo 173 do Brasil, do No Waste Challenge, um desafio para ação climática do What Design Can Do, em parceria com a Fundação IKEA.

O objetivo da competição global realizada em janeiro de 2021 foi apresentar soluções inovadoras para reduzir o desperdício e repensar todo o ciclo de produção e consumo.

Destaque

Uso da fibra de ágar-ágar foi uma das 12 ideais brasileiras finalistas de um concurso mundial em prol do clima