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Brasil está entre dez países que mais produzem lixo plástico no mundo

Brasil está entre dez países que mais produzem lixo plástico no mundo

Anualmente mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas no mundo. Grande parte desse material é descartável, ou seja, usado por alguns minutos e depois descartado. Com isso, só em 2020, 52 milhões de toneladas de lixo plástico foram jogadas no meio ambiente – se fossem alinhados, esses detritos conseguiriam dar a volta ao redor da Terra 1.500 vezes. Os números estarrecedores são resultado do primeiro inventário já feito sobre a poluição plástica global.

O levantamento, elaborado por pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, revela que mais de dois terços da poluição plástica do planeta vem de lixo não coletado, com quase 1,2 bilhão de pessoas — 15% da população global — vivendo sem acesso a serviços de coleta de resíduos.

Ainda segundo o estudo, aproximadamente 30 milhões de toneladas de plástico — totalizando 57% de toda a poluição plástica — foram queimadas em casas, ruas e lixões, sem nenhum controle ambiental em vigor. Vale ressaltar que a queima desses dejetos produz uma fumaça bastante tóxica, que provoca impactos à saúde humana, incluindo defeitos nos desenvolvimentos cerebral, reprodutivo e congênito.

“Os riscos à saúde resultantes da poluição plástica afetam algumas das comunidades mais pobres do mundo, que são impotentes para fazer algo a respeito. Ao melhorar a gestão básica de resíduos sólidos, podemos reduzir massivamente a poluição plástica e melhorar a vida de bilhões de pessoas”, diz Josh Cottom, pesquisador da Universidade de Leeds e principal autor do estudo, que foi divulgado em um artigo científico na revista Nature.

Brasil entre os maiores poluidores plásticos do planeta

O levantamento dos pesquisadores britânicos, que analisou o descarte de plástico em 50 mil cidades do mundo, revela que houve um aumento da produção desse material nos países em desenvolvimento, agora considerados “hotspots da poluição plástica”. Acontece que, a geração desses resíduos cresce, mas nessas nações ainda não existe um sistema eficiente de coleta ou reciclagem.

Na lista dos dez países responsáveis por gerarem o maior volume desse tipo de lixo a Índia aparece em primeiro lugar, com 9,3 milhões de toneladas por ano, seguida da Nigéria, 3,5 milhões de toneladas e Indonésia, 3,4 milhões de toneladas.

O Brasil figura na 8a colocação, com 1,4 milhão de toneladas produzidas anualmente.

A China, que no passado já foi a campeã nesse triste ranking, agora está em quarto lugar, com 2,8 milhões de toneladas, como resultado de melhorias na coleta e processamento de resíduos nos últimos anos.

Assim como os chineses, muitos países estão agindo para enfrentar essa alarmante questão ambiental, mas no Brasil ainda estamos muito atrasados. Todavia, há um projeto em debate no Senado para banir produtos plásticos de uso único no país, que defende a criação de um marco regulatório para o setor, com foco principal na proibição da fabricação, importação, distribuição, uso e comercialização de produtos plásticos de uso único feitos em material não compostável, como canudos, talheres, pratos, misturadores de bebidas, copos, tampas, embalagens e sacolas.

E você pode pressionar o Congresso a acelerar a votação desse projeto tão importante! Participe da consulta pública sobre o tema neste link.

Tratado Global do Plástico

Existe uma expectativa para a assinatura de um tratado global do plástico, que já vem sendo negociado em reuniões internacionais há algum tempo. Em maio de 2024, houve uma nova rodada de conversas, no Canadá, contudo, o lobby das indústrias química e de combustíveis fósseis travou qualquer tipo de avanço.

“Este é um problema urgente de saúde humana global – uma crise contínua: as pessoas cujos resíduos não são coletados não têm outra opção a não ser despejá-los ou queimá-los: atear fogo aos plásticos pode parecer fazê-los ‘desaparecer’, mas, na verdade, a queima a céu aberto de resíduos plásticos pode levar a danos substanciais à saúde humana e uma dispersão muito mais ampla da poluição ambiental”, ressalta Costas Velis, coautor do estudo.

“No passado, os formuladores de políticas públicas tinham dificuldade para lidar com esse problema, em parte devido à escassez de dados de boa qualidade. Esperamos que nosso conjunto detalhado de dados em escala local os ajude a alocar recursos para lidar com a poluição plástica de forma eficiente, reforça Cottom.

Criança brincando no meio de um lixão: uma triste realidade em muitos países, inclusive o Brasil
Foto: Wolfgang Stemme por Pixabay

*Com informações e entrevistas contidas no texto de divulgação da Universidade de Leeds